CUT participará da Marcha das Mulheres Negras
Caravana cutista de todas as regiões de SP estará em Brasília nesta quarta (18)
A CUT São Paulo, seus sindicatos, federações e movimentos parceiros estarão na Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, que se realizará no próximo dia 18 (quarta-feira), com caravana de todas as regiões paulistas rumo à Brasília. A atividade é uma entre as várias promovidas pela Central neste Mês da Consciência Negra.
Na capital, um dos ônibus sairá às 17h da terça (17), da sede da CUT São Paulo, à Rua Caetano Pinto n° 575, no bairro do Brás.
No Distrito Federal, o alojamento estará disponível a partir do dia 17, com sede no Ginásio Nilson Nelson. No dia 18, a concentração será a partir das 9h nas imediações do ginásio, ao lado do Estádio Nacional Mané Garrincha. Do local, haverá caminhada de cerca de cinco quilômetros até o Congresso Nacional, para ato público no Complexo Cultural do Museu Nacional da República.
Oficializada na III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir 2013), a marcha visa dar visibilidade às temáticas raciais femininas, abordando questões como a violência, diversidade, empoderamento das mulheres e reparação histórica ao povo negro no Brasil.
"A mobilização é fundamental para a articulação das mulheres negras porque houve avanços na última década, mas queremos avançar mais. É um protesto inicial, pois a marcha vai muito além das bandeiras do sindicalismo. Ela abrange as jovens negras, as mulheres das igrejas e terreiros, as domésticas e outras, numa organização na qual se fortalecem e buscam visibilidade", pontua Rosana Aparecida da Silva, secretária de Combate ao Racismo da CUT São Paulo.
“A marcha é importante porque mais da metade da população é negra, mas quando vemos os espaços de poder e decisão, não se consegue ver essa população. No mundo do trabalho, chega a ser desrespeitosa a diferença salarial de um homem branco em relação a uma mulher negra”, critica Maria Júlia Reis Nogueira, secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT. Estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) apontam que essa discrepância salarial chega a 40% em média.
Construção unitária - Há um Núcleo Impulsor Nacional, mas a marcha foi construída de formas específicas em cada estado, sem uma organização verticalizada e sem coordenador ou presidente, explica Kika da Silva, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).
"Quando construímos de forma horizontal, a unidade e a solidariedade entre nós vêm sozinha. Essa união é fruto da nossa luta porque o racismo, quando se abate, todas nós estamos sob telhado de vidro. O racismo supera nossas diferenças para construir a unidade", ressalta Kika, que integra o Núcleo Impulso de SP.
Para a professora Anatalina Lourenço, presidente do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-Racial do Estado de São Paulo (Feder/SP), a marcha também é relevante por debater as questões das mulheres negras brasileiras na Década Internacional dos Afrodescendentes, declarada pelas Nações Unidas para o período 2015-2024 com o mote "reconhecimento, justiça e desenvolvimento".
A educadora avalia que, além do racismo, do sexismo e a homofobia, outro ponto importante nesse embate é descolonizar o currículo do ensino porque o universo escolar é tão perverso quanto outros espaços, num racismo estruturante que permeia as relações no país e exclui, principalmente, as meninas negras.
"Temos dois estereótipos contundentes, o de negras assexuadas ou só sexualizadas e nesse inconsciente coletivo não somos nem uma coisa, nem outra. Não somos Tia Anastácia, nem mucamas. Somos como qualquer outra mulher, com desejos e anseios como nossas meninas, somos mulheres pretas que lutam e que têm percepção do seu papel social", conclui.