Internacional da Construção e da Madeira realiza 1ª reunião geral dos sindicatos brasileiros filiados
Foco central na luta contra a recessão é ação unitária em defesa dos empregos, dos salários e direitos
Nos dias 2 e 3 aconteceu a 1ª Reunião Geral dos Sindicatos Brasileiros filiados à Internacional da Construção e da Madeira (ICM), em São Paulo. Nilton Freitas, representante regional da ICM, abriu o evento destacando os acordos, marcos regulatórios e ações junto a empresas instaladas no país.
Victor Pagani, Supervisor do Escritório Regional do DIEESE, disse que os Sindicatos brasileiros apoiam a indicação de Saúl Mendez para a coordenação regional da ICM de São Paulo, realizou uma palestra sobre o cenário econômico no Brasil e as negociações coletivas em 2016. Segundo ele o setor da construção puxa o PIB do país, e desde 2014 o PIB do setor está negativo.
Ele lembrou também que a construção representa 9% do total da capacidade ocupada no país, são 8,5 milhões de trabalhadores, destes 30% tem carteira assinada, 19% trabalha informalmente e 46% trabalha por conta própria. A rotatividade por empresa é de 90,8%.
Sobre as negociações do setor da construção e da madeira em 2016, de acordo com estudo do DIEESE, 54% delas repuseram a inflação, embora metade delas parcelada em duas vezes, 30% tiveram reajuste abaixo da inflação e apenas 16% acima.
O próximo painel discutiu os desafios para os setores da ICM no cenário atual no Brasil, e analisou propostas para retomada do crescimento e fortalecimento sindical, onde a palavra foi aberta aos presentes.
O secretário geral da ICM, Ambet Emilio Yuson, destacou que este é o “momento unificar os sindicatos e a pauta em torno da criação de emprego e do investimento público para impulsionar a economia”. Segundo ele para o país voltar a crescer é necessário investimento público, principalmente na construção. “com esses novos empregos os trabalhadores voltam a gastar e a economia volta a funcionar”, afirmou.
Segundo Ambet “o problema não é a falta de dinheiro na economia, mas que ele vem sendo repassado para os bancos através dos juros que o próprio governo estabelece. Não há confiança no governo e os empresários não querem investir seu dinheiro. Então a única maneira do país sair desta situação é o governo investir nos serviços públicos, na geração de empregos permanentes e decentes”.
Na parte da tarde foi discutido o Movimento Sindical Internacional e plano estratégico ICM 2018-2022. Paulo Peres, o Carioca, presidente do Sintraconst/ES, afirmou que o foco de todos os sindicatos no momento tem que ser a retomada dos empregos, “75% dos trabalhadores da construção são chefes de família, quando são demitidos a família vai pra miséria”, destacou. Para ele a ICM é fundamental pois permite a união dos sindicatos brasileiros do setor, “andamos pra frente quando andamos juntos” finalizou.
Amilton Mendes, do Sindicato da Construção de Campinas, destacou também a necessidade de retomada do GT do Sistema Petrobras, “precisamos tocar esse projeto com o Dieese e a ICM nos acompanhando e dando suporte”.
No encerramento das atividades do dia o presidente do Sindicato da Construção do Panamá (Suntracs), Saúl Mendez, falou sobre a integração Sul-Sul, o plano de ação para América Latina e Caribe e pediu o apoio dos sindicatos brasileiros a sua candidatura à coordenação regional da ICM. Na sexta-feira (3), o foco das atividades foi a construção de uma agenda brasileira para a ICM, para isso os participantes foram separados em dois grupos de discussão. Ao fim, os grupos definiram prioridade da ICM para a formação sindical, encontros e pesquisas sobre mulheres e jovens no setor.
Em uma segunda parte as confederações que fazem parte da ICM foram convidadas a falar de sua atuação e compartilhar suas agendas para a retomada do crescimento.
Claudio da Silva Gomes, presidente da Conticom, ressaltou a participação da confederação nas mesas tripartite, na construção do acordo de leniência e na agenda de investimentos do país. “O setor de infraestrutura está totalmente parado e o governo não investe, não dá perspectiva, o que é agravado pela situação judicial e política adversa que o país enfrenta. Leniência é fundamental, porque assim os executivos das empresas vão pagar pelas ilegalidades e as empresas não deixarão de existir e gerar empregos”.
Para ele “os mais prejudicados até o momento não foram as empresas, e sim os trabalhadores que estão pagando com a própria vida, com o próprio trabalho”. Claudio também destacou a ação em várias frentes contra terceirização indiscriminada.
No encerramento da atividade Ambert destacou o papel fundamental dos sindicatos para tornar realidade emprego para todos, justiça para todos. E Nilton convocou todos os sindicatos a mobilizarem delegações para o Congresso Mundial da ICM, que ocorrerá este ano na África do Sul.