Aumento de Postos de Trabalho x Precarização
Precarização nos canteiros de obras trazem à tona a necessidade da atuação dos sindicatos.
Por: André Oliveira 24 de Setembro de 2021
Foto por: Kevin Grieve
Divulgadas as estatísticas de emprego no Brasil, os dados do Novo CAGED apontam um crescimento nos postos de trabalho gerados de Janeiro a Julho de 2021, a construção civil que mesmo em meio à pandemia não parou sempre apresenta resultados positivos, tendo em vista que o Brasil é um país que tem um potencial de crescimento e de necessidade de infra-estrutura gigantesca.
O NOVO CAGED apresentou um crescimento geral nos últimos 12 meses de 3.088.959 novos postos de trabalho, isso representa um aumento de 8,10%, e a Construção Civil no contexto nacional representou um aumento de 310.541 novos postos de serviço com um percentual de 14,30%, com um aumento somente no mês de Julho de 2021 de 29.818 novos postos de trabalho, em nossa região tivemos um balanço positivo de empregos novos gerados em todas as cidades que compreendem a abrangência do Sindicato da Construção Civil conforme abaixo.
Apesar de todo esse crescimento alguns dados da precarização do trabalho se mostram alarmantes como a criação de 1678 postos de trabalho INTERMITENTES na construção Civil do País, a construção civil por vezes é uma das categorias utilizadas como laboratório nas precarizações, qualquer novidade legislativa que retiram direitos é instantaneamente aplicada a construção a fim de diminuir os custos e aumentar os lucros das grandes construtoras, devemos lembrar que na Construção Civil é corriqueira a luta dos sindicatos da categoria para garantir direitos primários como o registro em carteira, muitas trabalhadoras e trabalhadores estão em canteiros de obras correndo risco de vida por diversos fatores como altura, queda de objeto e estão desassistidos pela previdência social por se quer terem o registro, tudo isso é resultado de um esforço e um lobby imenso na flexibilização dos direitos trabalhistas, que nada mais é que a retirada escancarada dos direitos conquistados a duras penas pelas trabalhadoras e trabalhadores unidos aos sindicatos de classe que fizeram paralisações e greves buscando melhoria nas condições de trabalho, também dados do NOVO CAGED apontam uma diminuição no salário médio de contratação, isso significa que no bolso do trabalhador, apesar de novos empregos, está entrando menos dinheiro, além de uma inflação que corrói o poder de compra do salário do trabalhador, hoje encostando na casa dos dois dígitos no acumulado dos últimos 12 meses de 9,68% (Fonte: IBGE).
Trabalhadores em andaimes com utilização inadequada de EPI / Foto por: David Nascimento
Apesar de todas essas situações impostas pelos políticos que a cada dia mais atacam os direitos das trabalhadoras e trabalhadores, os sindicatos não tem se isentado da atividade que a eles é incumbida, promovendo conscientização através da entrega de boletins informativos, promovendo conversas e ampliando seus canais de comunicação a fim de informar e orientar os trabalhadores de suas respectivas categorias, a exemplo disso tivemos a paralisação das trabalhadoras e trabalhadores dos canteiros de obra da empresa MRV na cidade de Campinas onde permaneceram por 45 dias em estado de greve buscando melhorias na qualidade dos canteiros de obras onde chega a faltar copos descartáveis e papel higiênico e também na obtenção de uma PLR mais justa, e em varias outras atuações da instituição que acompanhou recentemente o desdobramento do caso, que aconteceu na obra da empresa S.G.O. em que um de seus empreiteiros deixou de pagar 19 trabalhadores e passou o prejuízo para a tomadora do serviço que se comprometeu a arcar com os valores devidos, além dos inúmeros alojamentos fiscalizados e encontrados sem condições de utilização, sendo sempre necessário a atuação dos Sindicatos, Ministério do Trabalho, Ministério Publico com o intuito de por fim a qualquer abuso que a trabalhadora e o trabalhador venha a ser submetido dentro de seu local de trabalho em especial nos canteiros de construção civil.
“É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática.” — Paulo Freire