Vinte trabalhadores ocupam quatro cômodos, com pouca iluminação e ventilação, segundo a entidade

O Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Campinas e Região firmou um acordo ontem com uma construtora para regularização do alojamento de operários que trabalham na empresa. No local, onde estão 50 funcionários que prestam serviço em uma obra na Praia Azul, o sindicato constatou que uma das casas para alojamento tinha 20 trabalhadores em quatro cômodos, em beliches e colchões, com pouca luminosidade e ventilação.

“Se abre a janela, a casa enche de bicho”, reclama o auxiliar de encanador Manoel da Silva Gomes, 18, enquanto lava uma calça no chão da residência, que não tem tanque de lavar roupas.

Parte dos trabalhadores é do Nordeste, de Estados como Alagoas, Maranhão e Piauí. Eles chegaram a Americana contratados pela TR Fortes Serviços, de Mogi Guaçu, empresa que terceiriza mão de obra à Autora Construtora, de Cuiabá (MT).

O contrato de trabalho de José Gilson Alves da Silva, 24, garante alojamento, refeição e reembolso de passagem. No entanto, alega o operário, a realidade é outra.

“Até os nossos direitos eles (a TR Fortes) querem mudar”, reclamou, sobre o acordo de baixa na carteira a cada 90 dias.

Foi uma questão trabalhista que levou o sindicato a acompanhar o caso. “Está tudo errado aqui. Desde os meios pelos quais os funcionários chegam ao trabalho até as condições para o alojamento”, criticou o dirigente sindical Cícero Pereira da Silva.

De acordo com o dirigente, “a Aurora deveria apresentar um documento com normas a cumprir à TR Fortes e, só depois de constatado o cumprimento de tais determinações, liberado o alojamento”.

Um técnico em segurança do trabalho da empresa, que estava no alojamento durante a fiscalização do local pelo sindicato, afirmou que o procedimento não foi obedecido.

A reportagem entrou em contato com a Aurora, mas foi informada que não havia ninguém disponível para comentar a questão. O TodoDia não conseguiu contato com a TR Fortes.

ACORDO

Um acordo informal entre sindicato e representantes da Aurora e TR Fortes definiu que os trabalhadores fossem hospedados em hotel até que os alojamentos - são três, mas um está normalizado - sejam regularizados.

Ainda de acordo com o sindicato, outra determinação para que o Ministério do Trabalho não seja acionado para apurar o caso é que o pagamento do adiantamento salarial dos operários seja feito hoje.